13:02 o relógio marcava quando o trovão ecoou...
... E ecoou por todo o meu corpo despertando o que era para ser, apenas um simples dia.
Dia nublado...
Com o som tênue do trovão, ainda deitado abri os olhos rápido, porém um pouco ofuscado.
O único raio de sol que se espremia entre as nuvens carregadas, quem diria, estava lá, lutando para ficar sobre os meus olhos.
Demorei em me dar conta que estava no barco em que parti...
O vento forte e a umidade roubavam-me rápido o calor que demorei uma noite para acumular.
A neblina dançava por todos os lados, convidando-me a aspirá-la.
Então, simplesmente fechei os olhos, e aspirei aquele doce ar frio, que me fazia lembrar de toda a fria infância que tive.
No meu antigo lar, a Serra Gaúcha.
Quem diria que a vida seria tão assim...
Rouba-me o que cativo, apaga minhas memórias... Faz do que perdi uma semente para um novo destino.
Tão incerto destino...
O oceano que me carrega me leva pra lá e para cá, e às vezes volta... Não me diz onde estou.
Sinto-me como a pétala da flor, de uma antiga árvore que cansou de florir. A mesma que cai no rio e se perde durante o seu curso.
Quem não gostaria de viver sem se machucar, e a ficar entre os que se ama sem os perder de vista por um momento se quer?
Pois eu sinto um aperto no peito, toda vez que olho para trás.
Todos os sorrisos que eu provoquei. Todas as inevitáveis lágrimas que deixei cair... Por amor, por tristeza.
E o mar me leva para longe disso tudo, sem ao menos eu poder me despedir.
O que me sobrou da memória apagada, foi um dos momentos mais marcantes da minha vida.
Foi o último acenar da minha amada no porto... O que sumiu rapidamente entre o espesso nevoeiro que se formava entre nós.
Foi o meu grito rouco, pedindo para voltar, mas que não foi ouvido por ninguém se quer, exceto pelo mar.
Momentos, tempos, sentimentos perdidos, E a vontade... De ter tudo de novo.
Deitado e inconformado, olhava para o céu. Formava-se uma tempestade logo acima de mim.
Chover no molhado, Iemanjá, eu dizia. Já te tinha tormenta, dentro de mim.
Os raios ameaçavam cair no meu barco. Imponente, estrondoso trovão.
Não me importava... Estava com um vazio no peito.
Era o silêncio do mar, dentro do meu coração.
Vaguei pelos sete mares, procurando o que eu ainda não tinha encontrado.
Até achei que louco eu tinha ficado. Mas louco eu já estava meu amor.
Desde o dia em que eu resolvi partir de ti sem ao menos eu poder me despedir.
Bruno Brechane
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